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Memória de pedra

Que em cada lasca
Me transforma minha casca
Cada ponta
Que eu afio, amedronta
Ontem fui uma parte de outra serra
Hoje só, é o vento que me erra
Contemplando a vida, eu já não mais corro
Nem vou vislumbrar se esse ano eu morro
Como outra vez, quando me vi sem horizonte
Perguntas assim, eu tinha um monte
Mas, deste solo, vejo grama que me atura
São cicatrizes, água mole, pele dura
Se me batem com força e a pancada me quebra
Eu guardo as marcas de memória em uma pedra

— Miguel Inácio